Estilos de Bonsai: Guia para Iniciantes Entenderem as Formas Clássicas

Na arte do bonsai, a modelagem não é feita ao acaso. Ela segue diretrizes estéticas desenvolvidas ao longo de séculos, inspiradas em árvores que crescem na natureza e sobrevivem a condições adversas. Esses são os estilos de bonsai. Conhecê-los é fundamental para enxergar o potencial de uma planta e para guiar seu trabalho de poda e aramação, transformando uma simples muda em uma obra de arte expressiva.

Este guia apresenta os estilos mais comuns e fundamentais, um vocabulário visual para todo entusiasta do bonsai.

1. Chokkan – Ereto Formal

  • Descrição: Caracteriza-se por um tronco perfeitamente reto e vertical, que se afina gradualmente da base para o topo (conicidade). A distribuição de galhos é bem definida: o primeiro e mais grosso fica em uma altura correspondente a 1/3 do tronco, seguido por galhos alternados (esquerda, direita, costas) que diminuem de tamanho à medida que sobem.
  • O que representa: Uma árvore majestosa e forte que cresceu em condições ideais, sem competição por luz ou ventos fortes. Transmite uma sensação de estabilidade e poder.
  • Espécies indicadas: Coníferas como Juníperos e Pinheiros, ou espécies com tendência a crescimento reto.

2. Moyogi – Ereto Informal

  • Descrição: É o estilo mais comum e um dos mais fáceis de encontrar em material de viveiro. O tronco apresenta curvas suaves e visíveis, mas o ápice (o topo da árvore) termina alinhado verticalmente com a base do tronco. As curvas dão uma sensação de movimento e graça.
  • O que representa: Uma árvore que enfrentou algumas dificuldades, mas que continua crescendo em direção à luz. É a representação da resiliência e da elegância na natureza.
  • Espécies indicadas: Praticamente todas as espécies podem ser adaptadas a este estilo, com destaque para o Ficus, Acer, Olmo Chinês e Pitangueira.

3. Shakan – Inclinado

  • Descrição: O tronco cresce em um ângulo pronunciado, como se estivesse sendo constantemente empurrado por um vento ou crescendo em uma encosta em busca de luz. As raízes do lado oposto à inclinação devem ser fortes e bem visíveis (nebari) para dar a impressão de que a árvore está firmemente ancorada ao solo.
  • O que representa: A luta e a persistência contra uma força constante da natureza.
  • Espécies indicadas: Coníferas e outras espécies com troncos robustos que possam expressar força.

4. Kengai – Cascata

  • Descrição: Um dos estilos mais dramáticos. O tronco cresce para cima por um curto trecho e depois se curva drasticamente para baixo, ultrapassando a borda inferior do vaso.
  • O que representa: Uma árvore crescendo em um penhasco ou na beira de um rio, onde a neve ou a queda de rochas a forçaram a crescer para baixo.
  • Espécies indicadas: Juníperos, Buganvílias e outras espécies com galhos flexíveis.

5. Han-Kengai – Semicascata

  • Descrição: Similar ao estilo cascata, mas menos dramático. O tronco cresce para os lados e a ponta da árvore não ultrapassa a linha da base do vaso, ficando na altura da borda ou um pouco abaixo.
  • O que representa: Uma árvore na beira de um penhasco ou rio, mas em uma condição menos severa que a da cascata total.
  • Espécies indicadas: As mesmas do estilo cascata, como Juníperos, Caliandras e Serissas.

6. Fukinagashi – Varrido pelo Vento

  • Descrição: Todos os galhos e o próprio tronco da árvore crescem para um único lado, como se estivessem sendo constantemente açoitados por um vento forte vindo de uma direção.
  • O que representa: Uma árvore crescendo em uma costa litorânea ou no topo de uma montanha, em um ambiente inóspito e exposto aos elementos.
  • Espécies indicadas: Pinheiros e Juníperos são os mais tradicionais para este estilo, pois sua folhagem ajuda a criar a ilusão do vento.

Como Escolher um Estilo para sua Planta?

A regra de ouro é: deixe a árvore guiar você. Em vez de tentar forçar um estilo em uma planta inadequada, observe o material que você tem:

  • Observe o movimento natural do tronco. Ele é reto? Tem curvas? É inclinado?
  • Verifique a disposição dos galhos mais baixos.
  • Analise o nebari (raízes de superfície).

Compreender esses estilos clássicos abre um novo universo de possibilidades. Eles são o alicerce sobre o qual você pode construir sua própria interpretação artística, sempre com respeito à forma natural e à saúde da sua árvore.

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